Em época de Instagram, qualquer um é fotografo. Verdade isso? Eu acredito que não...
Ao assistir, entediada,
à timeline das redes sociais, a quantidade de fotos tiradas em frente ao
espelho de pessoas usando roupas novas e fazendo caras bocas é assustadora. Os
filtros amenizam aquilo que não aparenta muito bem. Se ainda não der certo, o desfoque
salva, com certeza.
Fotos bonitas, sim. Mas
onde fica a criatividade? A reflexão acerca do resultado final, as discussões
sobre os elementos a ser considerados, a busca pela harmonia entre roupas,
acessórios e demais elementos que conversam com o conceito da coleção são deixados
de lado em prol da rapidez e do exibicionismo. Às vezes tenho a impressão de
que aqueles cliques não passam de uma vontade louca de mostrar o poder
aquisitivo de quem posta e uma felicidade forçada, independente do significado
disso.
Não sou daquelas pessoas
saudosistas ou nostálgicas, que sentem falta do que ouviu falar. Não estou aqui
pra dizer que as novas maneiras de fotografas são todas erradas e que bom mesmo
é usar filme preto e branco, foco manual e milhares de lentes. Só sinto falta
daquilo que vivo, do que se refere à reflexão. Fotografar, assim como qualquer
coisa na vida, não é só prática.
Apertar um botão de
forma aleatória é fácil, difícil mesmo é estudar o funcionamento do
equipamento, pensar em uma angulação interessante da imagem, ajustar os flashes
para que não seja necessário gastar tanto tempo no tratamento de imagens.
Difícil é conseguir se relacionar bem com os produtores de moda, dirigir uma
modelo, entender o conceito da campanha e traduzir isso em imagem.
Viva os fotógrafos de
fato, aqueles que pensam e respiram arte. Aqueles que se desdobram, saudosistas
em relação ao filme fotográfico, que não desperdiçam os cliques. Que utilizam
dos momentos de pesquisa e produção para mostrar da melhor forma possível
aquilo que não se vê nas ruas, mas que inspira.
Moda não é pautada pelo
preço da peça, muito menos pela falsa alegria que é transparecida. É pelo que
rola nos bastidores, pela riqueza de detalhes e pela dedicação de quem busca
aliar beleza e praticidade. Nos editoriais podemos sonhar, ver aquilo que
talvez não usaríamos no dia a dia e pinçar, meio à tanta informação, algum
elemento que nos chame a atenção.
Tenho medo do que isso
tudo possa parecer, onde vamos chegar. Ao mesmo tempo, confio no
profissionalismo. Não julgo que haja uma forma certa e outra errada,
apenas aposto no raciocínio, na capacidade que nos foi dada de pensar. O que eu
espero dos editoriais de moda? Ousadia.
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